Translate

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Capa, orelhas, título e copywriting para o "T21: no relicário com dragões"

 


Texto para as orelhas

Da barriga, coração

 Ah, esse mundo de janelas simetricamente arranjadas, sobrepostas de maneira que não nos permite ver além do reflexo desbotado de vidas passadiças e rastros de fatos mal contados! É coerente, didático e indolor nos agarrarmos aos pactos prévios para nos sentirmos confortáveis dentro da roupagem cinza dos preconceitos.  Apertadores de botões em série e ouvintes condicionados ao sonoro bip do despertar para mais um dia normal, pasteurizamos a melodia dos ventos e engaiolamos pássaros em nossas gargantas. Mas basta esquecermos um dia da pílula alucinógena, que as asas põem abaixo a condição cativa e espeta os meandros da glote. O corte transversal é feito em profundidade entre o sabido e o inaudito, para fazer a realidade que não mora longe nos visitar com a fatura vencida da cama macia em que dormitamos. É mais ou menos esse o efeito dos relatos desse livro de poética galopante, dispensada de rimas e encontros cuidadosos de imagens e letras.  Levamos um susto.  O que sei eu do amor?

O amor está arraigado em nossas expectativas de felicidade como uma condição inerente. É amalgamado à dependência da aceitação alheia dos recursos que temos como humanos. Algumas idiossincrasias são toleráveis, se estivermos situados num patamar em que o ar rarefeito passa a ser admirado e cobiçado. Alguns recebem alegres pechas de artista, criativo, doidinho, especial. É diametralmente oposto à premiação social com o bilhete da felicidade quando a evidência da síndrome de Down se escancara nos gestos comedidos e olhares oblíquos das pessoas que têm o primeiro contato com o recém-nascido. Não tem como disfarçar. Não tem como dourar a pílula ofertada pela esfinge. Como sugere o título do livro, os pais forçosamente entram numa loja de cristais finos forjados com fogo de dragão. 

O medo inicial dos pais, ao saberem da condição do filho que acabaram de trazer ao mundo, deve-se à ciência de toda a carga de sentimentos e julgamentos da qual serão alvo.  É muito difícil para todos nós, humanos pais ou não, aceitar um outro deficiente. É uma sentença. Se é doente, pode ter cura. Deficiência T21, não. Aí, vemos aqui, surge a força draconiana do amor e inicia-se um vôo vertiginoso e íngreme ao céu e inferno das limitações. Esses pais se transformam em seres super-humanos. Não se pode dizer se o amor desmedido dos pais molda a delicadeza, a maneira afetuosa e doce dos Down, observável na maioria dos casos. Eles são extremamente amorosos porque muito amados, ou muito amados porque amorosos?

Não, não se sabe ainda por que a síndrome acontece. O único remédio é o amor, brotado de uma fonte generosa, mas só visível e acessada por pessoas capazes de produzir felicidade fora das convenções. O exercício ininterrupto do doar-se, do amar sem descanso, aniquila fraquezas. E assim esses pais são jorges abrigam-se seguros na barriga do dragão.

Hilda Gullar, escritora


Copywriting para apresentação do projeto a autores

Delicadeza e força dos afetos no mundo Down  

Do “Por que comigo” ao “Por que não comigo?” há todo um rosário de lágrimas desfiado pelo inconformismo, pela rejeição e vitimização. É doloroso para os pais receberem a notícia de que geraram um filho com síndrome de Down. Na maioria das vezes não estão preparados para revirarem suas vidas. Há o normal e sacrossanto medo do desconhecido. O que irão enfrentar com um filho Down? O preconceito, filho dos equívocos e da obsolescência de informações, não os deixa ver que terão um filho, para amar e cuidar, que é um indivíduo e não uma réplica de um ser seriado. O filho terá suas próprias potencialidades, gostos, talentos, personalidade e temperamento. O bebê deverá ser visto como o filho. A síndrome de Down é apenas uma parte de quem ele é.

A criança será fruto do meio que lhes propiciarem, terá sua personalidade, seus diferenciais, seus talentos, potenciais, temperamento, sentimentos, sonhos e tudo mais que a tornará uma pessoa única. A T-21 é parte dela, e não ela.  Os pais que abraçam o desafio embarcarão num ciclone de aprendizagem e aplicação dos saberes sem intervalo.  Conhecerão mais profundamente as pessoas. Estarão capacitados para distinguir com perfeição um olhar de desdém de um de compaixão, de um sorriso complacente de um convite para uma relação sem barreiras. Terão que se convencer de que não são culpados, que não fizeram nada errado. Com o tempo, desenvolverão a capacidade de demonstrar que estão felizes com seu filho, enfim e cada vez mais.

Resumida assim essa vivência, parece que o final feliz é rápido e não falha. Nem todos saem dessas fases sem grandes traumas. Cada um é cada um, inclusive indivíduos com T-21, que não é uma doença e, portanto, não tem cura. É uma longa jornada em que o aprendizado constante faz dos pais, familiares, professores e amigos pessoas que desenvolvem capacidades diferenciadas, necessárias para conviver, cuidar e manter o amor acima de tudo.

Queremos ouvir suas histórias, seus tropeços, seus acertos, sua visão desse mundo moldado por um amor exigente.  Suas descobertas farão um bem enorme para as pessoas que podem um dia se surpreenderem nesse mundo tão especial e desconhecido na sua essência. Porque veem-se os movimentos incessantes da luta, mas o que vai dentro dos corações e mentes dos pais, da sua batalha para vencer a luta com seus dragões internos, não transparece. Supomos que os dentes são muitos e o sangue farto. Mas as essências das flores do caminho são daquelas de se guardar nos mais raros frascos.


Reportagens da Globo sobre o livro Arprom uma escola de vida

A afiliada da TV Globo para o noroeste paulista, a TV Tem, fez várias reportagens sobre o livro. A primeira, sobre o livro e as histórias e personagens que ele traz; a segunda e também a terceira, sobre o lançamento; a quarta, sobre a cerimônia de doação de 160 exemplares para a Rede Municipal de Ensino. 

Links:


Livro reúne meio século de histórias da Arprom

7 minExibição em 23 mai 2022
O livro "Arprom, uma escola de vida" conseguiu reunir meio século de histórias da entidade rio-pretense.

https://globoplay.globo.com/v/10601319/?s=0s


Festa de lançamento de livro da Arprom reúne ex-alunos, autoridades e empresários

6 minExibição em 24 mai 2022



Bom Dia Cidade – Rio PretoUma festa de lançamento do livro "Arprom - uma escola de vida" reuniu ex-alunos, autoridades e empresários.

https://globoplay.globo.com/v/10603805/?s=0s



Livro "Arprom - uma escola de vida" tem lançamento oficial

1 minExibição em 24 mai 2022
O lançamento do livro "Arprom - uma escola de vida" foi realizado na última terça-feira (23) em São José do Rio Preto (SP).

https://globoplay.globo.com/v/10603020/?s=0s

Livros com a história da Arprom são entregues à Secretaria de Educação de Rio Preto

1 minExibição em 2 ago 2022
Foram entregues 150 livros com a história da Arprom para a Secretaria de Educação de São José do Rio Preto (SP). Os livros serão distribuídos para escolas municipais e estaduais do município.


https://globoplay.globo.com/v/10814659/?s=0s


Diagramação livro Arprom uma escola de vida

A editoração eletrônica foi iniciada pelo mestre diagramador Cesinha Correa, que adoeceu, e finalizada por mim. Enfim, o livro saiu, lindo. Ave, Cesar! 







domingo, 14 de agosto de 2022

Lançamento do livro "Arprom: uma escola de vida"

Escrevi a maior parte desse livro durante a pandemia. Procurávamos, eu, e o editor,  resgatar a história da Arprom nos seus 54 anos de atividades em São José do Rio Preto.  Não no todo, obviamente, mas de maneira a apontar os acontecimentos e, as pessoas e suas obras que edificaram e sustentaram uma das jóias do assistencialismo à população carente na cidade. Muito do acervo histórico da instituição se perdeu durante mudanças, refomas e enchentes várias que inundaram a av. Anberto Andaló, bem prõxima da sede. Queríamos e precisávamos do depoimento das pessoas que vivenciam a a Arporm, desde há muito ou recentemente.  O presidente em 2020 era o Dr. José Vitta Medina e o vice, D. Paulo Humberto Borges.  Aliás, a dupla se dedica à entidade em sucessivas gestões.  Comecei com Medina, memória viva e privilegiada de tudo e de todos que importam no trabalho respeitado e admirado da associação.  Fiz uma lista de fatos a pesquisar, documentar, e de pessoas Uma dificuldade grande para falar com as pessoas, muitas basante idosas, colher material.  Demorou mais do que havíamos programado.  O D. Medina ficou doente com a Covid 19. Faleceu. Depois, nosso querido amigo diagramador Cesinha Correa, teve um Finalizei a editoração do livro.VC.  A esposa e o filho de Cesinha permitiram que eu pocurasse no computador dele o que já havia sido feito. Ele ali perto, acamado. Outros amigos e colaboradores da Arprom se foram.  Outra diretoria tomou posse, provisoriamente, depois outra. O livro precisou de atualização. Em fevereiro de 2022 foi impresso.  Várias outras questões nos levaram a agendar o lançameto para maio de 2022.  E assim foi, no dia 11, no Riopretoshopping. Uma festa maravilhosa, com a presença dos "ex-guardinhas", desde a primeira turma, desde o legionário mirim número 1, diretores, colaboradores, amigos e parentes, empresários empregadores dos aprendizes ao longo do tempo, juizes, promotores, prefeito, vereadores, a moçadinha alegre que estuda e aprende a viver na Arprom, atualmente. Muita gente feliz.  Autografei mais de 100 exemplares. Um número expressivo para Rio Preto, quase um bestseller.  A renda foi e continua sendo revertida para a Arprom. Sou extremamente grata pelo privilégio de escrever essa história.





domingo, 17 de abril de 2022

Primeiro exemplar do meu livro é entregue ao Prefeito




O livro Arprom: uma escola de vida, de minha autoria, será lançado oficialmente no dia 23 de maio, no Riopretoshopping. Em visita à Câmara e à Prefeitura Municipaos, o editor Edmilson Zanetti, da Editora  Ponto Z, e o vice-presidente da Arprom, Dr. Paulo Humberto Borges, presentearam Edinho Araujo, prefeito de Rio Preto, com o primeiro exemplar distribuido. A TV Câmara cobriu o encontro. e a assessoria de imprensa da prefeitura publicou matéria no site. 

Eis o link:
https://www.riopreto.sp.gov.br/arprom-prepara-lancamento-de-livro-e-entrega-exemplar-ao-prefeito/?fbclid=IwAR1E43RyMKR0rdFdAjGezBZU0sBmFv3i5X1IG8MFo7Gfo04sNGXbDHdlggU

Reproduzindo a reportagem:

Arprom prepara lançamento de livro e entrega exemplar ao prefeito

Associação fundada em 1967 tem mais de 50 anos de história narrados na obra

4 de abril de 2022


A Associação Rio-pretense de Promoção do Menor (Arprom) realizou nesta segunda-feira (4/3) a entrega do primeiro exemplar do livro que conta a história da instituição ao prefeito de Rio Preto Edinho Araújo; a entrega foi feita por meio do vice-presidente da instituição Paulo Humberto Borges. A obra “Arprom, Uma Escola de Vida” foi escrita pela publicitária Lucimar Canteiro (conteudista e designer editorial, diagramadora e revisora), de Rio Preto, e editada pelo jornalista Edmilson Zanetti, que também acompanhou a entrega.

O lançamento oficial do livro está previsto para o dia 23 de maio. “Ali está toda a história de mais de 50 anos da Arprom, com entrevistas interessantes de pessoas que passaram pela instituição, foram bem-sucedidas e conquistaram cargos importantes em Rio Preto e outras cidades”, diz Borges. O livro faz uma homenagem também ao ex-presidente da entidade José Vitta Medina, falecido em junho do ano passado e grande entusiasta da obra.

Entre os episódios narrados está também a visita dos então jogadores de futebol Pelé e Zito nos primeiros anos da Arprom, fundada em 1967 com o objetivo de atender jovens de famílias vulneráveis, com projeto social direcionado ao pleno desenvolvimento e ao preparo dos adolescentes para a cidadania e o mercado de trabalho. Atualmente, atende 800 jovens de 14 a 17 anos. Além de oferecer aulas e oficinas, e treinamento para a vida, a Arprom encaminha os menores aprendizes a empresas. A maioria das empresas de Rio Preto sempre contratou (e contrata ainda) os “guardinhas da Arprom”.


domingo, 13 de março de 2022

Serviços editoriais capa de livro e revisão na biografia de Daniel de Freitas

 


A produção editorial icluiu design de capa do livro e servicos de preparaçã o e revisão de texto.  "Fazendo certo dá certo", escrito pelo jornalista Edmilson Zanetti, registra fatos históricos do desenvolvimento das cidades do noroeste paulista em meio à biografia do empresário Daniel de Freitas.  O desbravamento das terras, as surpresas das matas, a construção das principais estradas que hoje ligam os estados Mato Grosso do Sul e São Paulo, forjadas no transporte de gado , a bravura dos desbravadores em luta com índios e onças, a força e fé do caipira, seus valores, seus amores, povoam a narrativa.  Parece ficção, mas é verdade.
Por que a galinha? Leia o livro!

Web design - site do livro Fazendo certo dá certo

 


Criar um site para conter o livro inteiro escrito por Edmilson Zanetti teve o objetivo de dar acesso gratuito à história de vida e experiências do empresário rio-pretense Daniel de Freitas. Toda a receita obtida com a venda dos exemplares físicos foi revertida para as obras do  Santa Casa de Misericórdia de Óbidos, no Pará, uma das obras assistidas pelo Frei Francisco, de Jaci, com parceria do ROTARY CLUB - Distrito 4480, responsável pelo projeto. Essa versão digital do livro foi mais uma via de capatação de doações.

O hospital tem agora, em pleno funcionamento, equipamentos hospitalares na sua unidade neonatal, adquiridos com os recursos obtidos com a venda do livro «Fazendo certo dá certo». 

O site foi mantido por Daneil de Freitas durante 2 anos e, vi hoje, ainda está no ar, mas por pouco tempo.  Aproveite para ler o livro, que traz não só a história de sucesso do empresário, mas também muito da história de Rio Preto. A versão impressa está esgotada.



Revisão de livro - Julia, a louca da aldeia, de Jocelino, de Jocelino Soares

 







Esse livro do cumpadi Jocelino traz uma história deliciosa de ler, um romance em meio às tramas e armadilhas da cultura cabocla do século passado. A narrativa resgata os acontecimentos durante o desbravamento e colonização das terras do noroeste paulista, a dura lida com o gado em transporte pelas matas, estradas e rios entre o Mato Grosso e essa região. Tudo escrito no autentico caipirês. Um baita desafio e um privilétio tive ao fazer a preparação e revisão do texto cativante de Jocelino.

Produção editorial - redação de título e orelhas de livro, layout de capa


Livro Nós no pós-pandemia, de Zeca Pontes - oganizador da coletânea



Inércia e rodopios

Tem que ter muita vontade para levantar-se da cama.  É o primeiro grande desafio do dia. Saltar dali para onde e para quê?  E se eu me esquecesse de mim e ficasse aqui inerte, até desmanchar? Caramba, teria dor, fedor, fome, e eu gosto de comer. 

Medo, desprazer, vontades, deleite começam a mostrar que a máquina quer se manter operante.  Que impulso ou desejo é esse de dar continuidade a um ser e estar de projeto mecanicamente azeitado que se cola ao arbítrio consciente de desfalecer, de inércia, de ponto zero?  Recaímos no mesmo grande e repetitivo paradoxo diário e eterno até enquanto dure o viver versus morrer, a permanência versus transformação.  Pode ser que seja a constante tensão que mantém a vida, disseram autores por aqui, a “força dos contrários”.

Enquanto sobre o fio da navalha, dançando tal qual fosse a pista uma borda de cristal, emito sons translúcidos carregando o fardo de um corpo que não quer ir mas vai, porque não tem como não ir, e aí alguém morreu minutos atrás e nem teve tempo de pensar nisso tudo e nada mais. 

E se àquela pergunta como? de quê? a resposta obviamente esperada frustra a regra vigente, uma chave é virada dentro das nossas inauditas certezas aprendidas a penas. Não é proibida morte extra covid? 

É tanta barbaridade no lado debaixo do Equador, que Morin, Freud e Lacan revisitariam suas teorias sobre essa conjunção de pele músculos cabelos nervos cérebro dentes coração. 

Então, menina, vá esticando os cambitos para fora do leito onírico porque tudo tem que ser revisto. A quietude é quimera, o medo constante, a lembrança perene de que não sou uma árvore. Num tempo sem espaço posso mudar de ideia e arcar com as consequências da romântica visita das “forças negativas”.

Dado o que beber a pernilongos, açoitada pelo preço da conta do ar-condicionado, inspirada pela madrinha H esfrego dmae na cara e óculos luvas galochas depois estou pronta para saltos desparafuseantes de bailarina.

Hilda Gullar - Escritora

Redação - texto das orelhas do livro de Márcia Zevoli

 



Das tripas, libertação

O avesso das coisas se apresenta mal feito, mal acabado, terminado às pressas. Dele não esperamos outra situação, o que vemos não nos surpreende.  Não demoramos nosso olhar sobre ele.  Buscamos a rutilância do anverso, da superfície colorida, lisa e simétrica das perfeições pactuadas. Aos meios orgânicos e aos imateriais se dedicam certos tipos de pessoas que nos parecem de outro mundo, com traços de semideuses, tais como médicos, religiosos, psicólogos, filósofos.  O interior dos seres nos assusta, como tudo que desconhecemos mas reconhecemos os impactos que transpassam a fina fronteira e transmutam o conforto da camada bidimensional.

Há situações que nos obrigam a mergulhar no emaranhado das entranhas estranhas aos pares harmônicos que a face de contato dos sentidos nos apresenta. Por dentro percebemos perturbadora assimetria no isolamento de coisas e não-coisas que só farão sentido quando aprendermos a encontrar conexões naturais. Difícil, como amar.  Foi tanto o amor ao amor, que Marcia negligenciou o amor-próprio, a âncora da autoestima necessária para estar no mundo para si e para os outros.

Mais fácil é engolir pílulas estáticas com seu design inofensivo.  Mas a autora é de uma generosidade sem tamanho ao desnovelar a jornada de autoconhecimento que a levou a um estágio de liberdade há muito sufocada nos meandros de seu ser. Dessa sua viagem de resgate e enlevo ela nos deixa visíveis as pontas que assinalam os caminhos. Uma doação que só se desprende naturalmente de pessoas

que conseguem flutuar sob o amparo de leves asas. No seu mergulho, ela fez das tripas libertação.


Hilda Gullar, escritora

sábado, 12 de março de 2022

Redação e design editorial - capa e orelhas de Banalidade fecundas

 


Uma capa de livro que resultou da troca entre autor e designer. Fazer a capa e o texto para as orelhas do livro de  Maria Antonia de Oliveira foi um desafio.  Demorou para  chegarmos ao resultado final.  Ela conhece muito de tudo, texto, design.  Fiz a proposta da imagem da capa absolutamente encantada pela delicadeza e profundidade dos poemas de Maria Antonia.  Nutrição para a alma.  

Pra degustar de joelhos

Você já sentiu saudades de alguém que não conheceu? Você resgata memórias de delícias não vividas quando uma pessoa, de repente, se dá a conhecer? 

Maria Antonia poderia ter sido minha melhor amiga. Vejo-me com ela ainda criança de pés descalços, cabelos ruivos e vestidinhos leves flutuando em redemoinho, espichando os olhos para dentro de troncos de árvores, cavucando buraquinhos de tijolos que esconderiam segredos guardados só para nós. Com ela deveria ter participado da ventura de  inverter a lógica dos adultos em experiências no laboratório de ofícios perguntantes.   

Dá uma vontade louca de tê-la acompanhado milimetricamente vida afora. Ela tem uma capacidade peculiar de amalgamar tons dissonantes, fazer rir de verdades insolúveis, deitar o olhar sobre coisas não ditas e inauditas; de mostrar a engenharia oculta no avesso, na estrutura silenciosa do despertar para verdades sem tamanho. É a artífice semeadora do protagonismo dos pormenores. Das viagens Geograficamente escaláveis, de pé no chão e mochila ou sobre rodas de ar ou água e almofadas de veludo, até os muitos perdidos se encontram para contar histórias deliciosas.  Tanto quanto o perfume que se faz sentir daqueles sabores da cozinha materna, de forno e mesa primordiais. 

As reflexões profundas dessa autora trazem à superfície a memória negada dos dias recheados de curiosidades e belezas fugidias desse cotidiano de viver nosso, que por se pretender eterno rabisca em cadernos alheios simulacros do desistir. 

Beleza é a palavra-chave do texto. Curiosidade a chave-mestra de um macrocosmo desdobrado nos mínimos plurais.  Singular e madura reflexão em que tudo importa, tudo se conecta. A cada assunto se soma um ponto no viver que não se cansa de nos surpreender. É uma iguaria preciosa, de se comer rezando.

Hilda Gullar -  escritora 

Copywriting e redação de título e orelhas de livro - mais design de capa

 

A produção editorial do livro No cárcere com o corona: memórias etílicas, idílicas ou nem tanto   envolveu, inicialmente, a criação do  título,  a redação do texto copywriting  para divulgação do projeto da coletânea a autores. Concluida a adesão dos participantes na obra e entregue a maioria dos textos, iniciei a leitura cuidadosa desse material enviado pelos autores.  Esse passo é importantísso para o desenvolvimento  do processo criativo do design de capa e da redação das orelhas.  A capa precisa refletir o conteúdo, estar alinhada ao tema, instigar, encantar.  Junto com o título, faz uma promessa ao leitor.  É o start da venda.  O texto das orelhas deve completar a persuasão. Podemos dizer que essas são, resumidamente, as etapas do processo de produção editorial de um livro.


Texto copywriting para divulgação da coletânea a autores

Tempos de querência. Quantas. Menos de morrer.  Tempos de carência. Tamanhas. Maiores e fundadas a cada avanço do ponteiro. 

Quem esperava por uma desfaçatez dessas? Onipresente dentro ou fora das nossas paredes, o corona não deu trégua.  Nos obrigou a repensar e ressignificar um monte de coisas, a adotar novos hábitos, a reexistir. O tempo todo. 

Sozinhos como nunca antes neste país, sob mandos e desmandos, apartados dos outros desejados ou apertados entre aparentados. Perdidos num tempo que nos deu tempo demais para pensar e sentir, as bolas nos obrigou a dar-lhes trato.  

Quanta coisa passa pela minha, pela nossa, pela sua cabeça.  Ponha no papel. Valem reflexões, relatos sobre coisas e atitudes estranhas que aconteceram, dentro ou fora do seu quadrado, contação de casos que não aconteceram, análises, críticas, amaldiçoamentos e “não falei”? 

Falou sim senhor.  Só falta escrever, para entrar na história. 


Texto para orelhas, por Hilda Gullar (heterônimo)

Pra não dizer que não falei dos gafanhotos 

Oh, coroa, se você fosse de flores adornantes da nossa birrenta aventura do viver!  Mas não, vem vestida de breu vampirizar nossos quereres e aligeirar nossa pressuposta paz.  De que recôncavos sepultados pela história você ressurgiu? 

Não bastava sua face medonha, se faz acompanhar de cavaleiros indulgentes com a contemporaneidade e  coloca abaixo a ilusória impermeabilidade dos nossos dias. Mistura em covas rasas ossos do descaso do eu com todo e qualquer outro e nos mostra a fundura de nossos umbigos. Inseriu-se nos meios que nos levariam a lugar diverso da desesperança.

Céu e terra estão cobertos com a praga que carrega outras 10:  a arrogância ditatorial e as fuças dos filhos em série, o sangue dos pobres,  a invasão dos novos fariseus, os fétidos rabos das raposas políticas, a chuva de fake news, as trevas dos dogmas, a liberdade emparedada, a alienação do gado, a transigência dos poderes  constituídos, a tirania da mídia, os  cientistas vendidos, a morte dos médicos, a virtualização do real, as infindáveis lives, os olhos presos nas janelas, a solidão insustentável dos  autossuficientes, o adeus dos abraços.

É, passou de dez.  Mas nada passou em branco para os autores desta coletânea. Cada um aumenta um ponto, de vista e ou de crochetaria. Diretamente de seus quadrados tecem redes de descobertas, de criatividade redentora, de receitas para sobreviver apesar de e enquanto for possível escapar do vírus de tentáculos grudentos. Vale tudo para não ser sugado para a teia invisível da armadilha final.

 Ado, ado, de seu quadrado isolado cada qual ventila dias e noites com novos hábitos, experimentos, ideias. Compartilham em seus escritos o além de si mesmos. Plantam a colheita do depois, que talvez virá, com que cor e sabor não é sabido. Cavucam seus meandros, sua sapiência antes reservada, se abrem, se expõem, como nunca antes nessa vida de laço, nó e gibeira, onde acomodam os ganhos da travessia ensimesmada. Tudo tem uma importância colossal.

Parece que não perderam nada pelo caminho. Talvez tenham se esquecido dos gafanhotos.

                                       

Hilda Gullar - Escritora     




Serviços editoriais - capa e orelhas do livro de Sônia Guerreiro

 


Uma estrada tão bonita 

Quantas verdades podem caber em uma história? Leia a que Sonia nos conta neste livro e irá encontrar incontáveis revelações. Porém, a maior e mais valiosa verdade, a sua própria, pode tocar-lhe a fronte com o roçar leve de suas asas translúcidas. Pelo menos é o que nos sugerem e apontam como realizáveis os dizeres que moram nos saberes da autora.

Universos paralelos e seres de evolução esperam pela nossa permissão para que nos mostrem caminhos e generosamente transponham conosco portas e portais que nossa visão maculada pela objetividade insiste em nos ocultar. De repente, uma palavra faz parecer tão simples, natural, fácil e mágico o viver que insistimos em manter à distância!  Tão livre, leve e transparente é a fé de Sonia, que nos vemos animados a atravessar as opacidades corpóreas, ancorados nas luminescências com as quais ela nos cobre. Várias caudas de cometas cintilantes cruzam as entrelinhas deste livro.  Não perca nenhuma carona.

Hilda Gullar - Escritora