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sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Design de capa, diagramação e textos livro "Gostosuras de Mãe"

Capa, diagramação, texto para orelhas, título e outros servços editoriais para coletânea em homenagem ao Dia das mães. 








Texto para orelhas

O coração da casa 

Rústica na maioria dos lares ou ornamentada e reluzente em outros poucos, a mesa de madeira maciça tinha que ser forte o suficiente para aguentar o peso e o movimento do fazer de massas, do moedor de carnes atarraxado em um dos cantos e de tanta coisa grande que ia para outro lugar, mas primeiro passava pela mesa, como sacos de arroz, açúcar, farinha, café.

Ocupava um destacado lugar na cozinha. Idealmente grande para abrigar a família e convidados ao seu redor, robusta para abrigar embaixo dela as pessoas à beira de perigos causados por raios e qualquer outro desastre que poderia pôr em risco as pessoas e os animais da casa.

Um porto seguro. O abrigo central da vida e dos costumes da família.  “Naquela mesa ele juntava a gente e dizia contente o que fez de manhã...”, verso da canção de Sérgio Bittencourt, diz bem sobre esse hábito de reunir à mesa familiares e amigos.  Hoje ainda esse costume bem brasileiro, herança cultural deixada por nossos antepassados, põe à mesa as delícias dos afetos e desafetos familiares. Entre uma garfada e outra das delícias preparadas pelas mamas, descendo suave com goles de vinho ou água, ou enroscando feio no engolir seco das broncas dos pais, as lições da vida foram aprendidas.

Essa cozinha-escola moldou nosso ser e estar nos lugares do mundo.  Muito foi incorporado apenas através da observação, desatenta e descompromissada na época da nossa inocência. Vemos tudo isso e mais bem percebido e delineado na confissão voluntária e emocionada dos autores desta coletânea. Verdadeiro, tocante. Quem diz a verdade é amigo, e amigo convidamos à mesa da cozinha. Vale uma celebração.

Hilda Gullar, escritora






terça-feira, 16 de agosto de 2022

Projeto editorial, direção de arte, diagramação, texto orelhas e copywriting para livro "Verdades inocentes"


 

Texto para as orelhas

Me chama, que eu vou

Sim, o tempo faz curvas e pode ser generoso. Sob suas asas, de repente bateu um vento trazendo luzes, cheiros, sabores, imagens, sons e sensações que jaziam amareladas na caixa de fotografias. A criança interna paira leve à nossa porta, pedindo licença para entrar, mas já atravessando qualquer barreira com os olhos vivos e curiosos que vêem à frente.

A poeira cinza da negação cede à invasão majestosa da cor. Agora desbotada fica a pessoa negada e renegada pela vida adulta, sufocada tantas vezes pelas imposições “deixe de ser criança”, “não seja imatura”, “ tá chorando como criança”, “cria juízo”. Sonhar, experimentar, brincar e deixar fluir as emoções com naturalidade em toda sua carga são substituídos pelas

dores de manipular seus próprios e verdadeiros sentimentos para atender às concretudes da vida adulta. O forjar desse ser pretensamente forte, sem medo, sem vergonha, sem mais porquê e muitos novos o quês, erige altos muros limítrofes do eu que foi e do eu que agora é.

Mas aí vem a visita e traz com ela a notícia de que o parquinho continua aberto e nos convida a brincar de mostra-mostra, um joguinho novo que ganha quem revela o que fez com a herança dos aprendizados daquele tempo em que tateou no escuro destemidamente, mesmo porque o prazer de experimentar se sobrepunha ao temor dos castigos que viriam.  Ela nos lembra de nossa essência, nessa missão de resgate. Divertidamente, ela nos diz que veio para ficar, se não agora, daqui a pouco. Podemos adiar o reencontro, mas, enquanto isso, se quisermos checar nossas verdades e vivenciar a alegria de viver, basta chamar que ela vem.


Copywriting para captação de autores

“Quem me dera ser criança outra vez!”, disse alguém, dizemos eu, você e muitos outros alguéns. Essa volta à infância povoa nossos desejos desde que deixamos a fase mais colorida e lúdica da vida do lado de fora da porta e tocamos a vida em frente disfarçados de sabichões que têm muito a elucubrar e dissertar com desenvoltura sobre esses anos idos.   Olhamos o período e os personagens da altura de nossa majestática maturidade e às vezes com atitude alegremente irônica, meio blasé, suspiramos no primeiro parágrafo oportuno: Ah, a infância...!”

E se invertêssemos visitantes e visitados? Imagine a criança que você foi lhe fazer uma visita para lhe falar sobre a pessoa que você é hoje.  O que o seu EU CRIANÇA encontraria pela frente. O que esse ser teria a lhe dizer? Recordar seus sonhos, traquinagens, alegrias, vontades realizadas ou não? Levá-lo de volta a sentimentos que o impulsionaram ou retraíram pela vida corrente?  Lembrar-lhe da resposta para a pergunta que fazia, emburrado, na escola - “Pra que vou precisar de regra de três?”  - e de tantas outras coisas e fatos que não lhe pareciam necessários?

Resgate-se a você mesmo com a leveza do olhar livre de meias verdades.  Chame seu eu criança de volta para aquele papo cabeça, ou para nos emocionar e divertir enquanto brincamos com ela.






Projeto gráfico, capa e diagramação para o livro "Lirismo sem Pétalas"

Fazer a capa para outro livro da poeta Roselis Batistar foi um privilégio. Obrigada, poeta preciosa.





segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Capa, orelhas e diagramação de livro "Memórias do coração"

 


Tecituras em ouro, aço e cetim 

Estamos acostumados a máscaras. Elas nos protegem. Tanto do que vemos quanto do que não queremos ver. Será que suportaríamos o impacto de ver transparecer em cada fronte a essência de um ser que se mostra sem vieses e temores? Evitamos a verdade desnuda. Temos medo que ela derrube nossos simulacros e exponha nossas vulnerabilidades em flashes gigantográficos.

Para mergulhar nas memórias de Lala é preciso uma senhora coragem.  Ela subverte nossa incredulidade diante de verdades insuspeitas. 

Sob lua e sol cotidianos, a imagem que mais transparece é a de mulher empoderada, de vida bem vivida.  Portanto, não se poderia imaginá-la se não como uma pessoa forte. Mas a Lala que se deixa ver por inteiro nesse livro vai além da luminescência das transparências que nos embriagam com luzes ondulantes. É um mergulho direto e reto.

Ela vai fundo e traz à tona os meandros que teceram Lala, em fios de aço, ouro, tiras de seda e laços de cetim.  Saltam à flor de suas memórias as veias pulsantes e os compassos, ora harmoniosos, ora dissonantes, que moldaram seu coração às oscilações de uma vida intensa

A capacidade de aceitar e respeitar as pessoas talvez seja a o segredo do amor, que Lala nos revela. Foram muitas as esquinas que ela virou, sem medo de olhar para trás e seguir adiante, salpicando cada canto do mundo e da vida com o brilho de um coração que não esquece, mas se permite experimentar e surpreender.

Das incursões do nirvana de lugares esplendorosos aos sepulcros das dores mais lancinantes, o que Lala nos traz a beber é o néctar cristalino de sua mais pura essência.

 

Hilda Gullar, escritora


Capa e orelhas de livro "Cratera antes da queda", de Roselis Batistar

 



Turbulências e ancoragens

Mergulhar fundo ou nadar na superfície? Se imersos totalmente, o mundo estranho nos abraça com sua quietude, o perigo se dilui com o tempo dormente e podemos esquecer que não há onde buscar fôlego extra. Flutuando acima da densa profundidade nos debatemos entre os rasgos de luz da superfície a cada esforço para não nos perdemos numa imensidão assustadora, porque desconhecida. E pode faltar ar.

Respire a plenos pulmões porque o mergulho é longo e profundo. Os poemas de Roselis nos conduzem às entranhas das suas memórias de um mundo perfeito, em que prevalecem o bom, o justo, o fraterno, o amor paterno-filial abundante. Na imersão há um distanciamento das dores como forma de proteção, mas as figuras que se mostram são fortes o bastante para permitirem que na nossa intrusão às suas reminiscências vislumbremos quadros instantâneos fora do roteiro escrito pela alma carregada de amor ao amor.

O leitor viajante elevado à flor d´ água pode então admirar a paisagem pelas janelas abertas pela capitã transparente. Enlevado pela visita presencial dos verdes aromas e azuis ares atravessa a vidraça e percebe que já se faz acompanhar de esferas, ciclos, ressonâncias do eu justo e ordenado da autora projetados agora na sua própria história.

Ela balança os fios dourados de sua sensibilidade de ver e provar as fronteiras entre o mundo herdado do amor familiar e o caos que acena do outro lado da cerca. O enigma do desconhecido, do além de nós, do estrangeiro no qual executamos sem opção o vaticínio da vida, que nos assombra com sua desordem, é visitado pela autora à sua maneira heroica e estoica de tratar de feridas abertas. Mesmo diante do derramar derradeiro de magmas seu figurar poético cutuca paradoxos, ora com balsâmica sensibilidade, ora instigando a fera que ronda. Com ironia fina desafia dogmas e dilacera corações duros de bestas seculares.

Estamos todos nos versos desse poetizar engajado com nossas verdades. Estamos todos emparedados pelas ambiguidades que nos confundem e pela entropia natural que puxa a corda para outro lado.  Como na inexorável chaga que abre o amor não inocente, a paixão de olhos abertos, a mesclagem de corpos e almas alertas, na entrega sem senões, que antecipa nossa visita à cratera dantes navegada. As perdas, as penosas e incontornáveis perdas. Os ocos frios deixados pelas dores escaldantes que nos sustentarão como pneumáticos em nova queda das escarpas das montanhas de cumes invisíveis que erguemos ao longo dos voos de nossa resistência.

Talvez sejam ensaios para a liberdade. De repente surgem asas durante uma das quedas e conseguimos uma visão panorâmica do distanciamento entre os sustentáculos da dicotomia, talvez um vácuo esteja ali, um portal, que num instante a mais como brinde nos permita a liberdade de ser. A autora encontrou um remanso em meio à turbulência. Magnânima, ela nos indica ancoragens distantes do desassossego das margens.

 

Hilda Gullar, escritora


Capa, orelhas, título e copywriting para o "T21: no relicário com dragões"

 


Texto para as orelhas

Da barriga, coração

 Ah, esse mundo de janelas simetricamente arranjadas, sobrepostas de maneira que não nos permite ver além do reflexo desbotado de vidas passadiças e rastros de fatos mal contados! É coerente, didático e indolor nos agarrarmos aos pactos prévios para nos sentirmos confortáveis dentro da roupagem cinza dos preconceitos.  Apertadores de botões em série e ouvintes condicionados ao sonoro bip do despertar para mais um dia normal, pasteurizamos a melodia dos ventos e engaiolamos pássaros em nossas gargantas. Mas basta esquecermos um dia da pílula alucinógena, que as asas põem abaixo a condição cativa e espeta os meandros da glote. O corte transversal é feito em profundidade entre o sabido e o inaudito, para fazer a realidade que não mora longe nos visitar com a fatura vencida da cama macia em que dormitamos. É mais ou menos esse o efeito dos relatos desse livro de poética galopante, dispensada de rimas e encontros cuidadosos de imagens e letras.  Levamos um susto.  O que sei eu do amor?

O amor está arraigado em nossas expectativas de felicidade como uma condição inerente. É amalgamado à dependência da aceitação alheia dos recursos que temos como humanos. Algumas idiossincrasias são toleráveis, se estivermos situados num patamar em que o ar rarefeito passa a ser admirado e cobiçado. Alguns recebem alegres pechas de artista, criativo, doidinho, especial. É diametralmente oposto à premiação social com o bilhete da felicidade quando a evidência da síndrome de Down se escancara nos gestos comedidos e olhares oblíquos das pessoas que têm o primeiro contato com o recém-nascido. Não tem como disfarçar. Não tem como dourar a pílula ofertada pela esfinge. Como sugere o título do livro, os pais forçosamente entram numa loja de cristais finos forjados com fogo de dragão. 

O medo inicial dos pais, ao saberem da condição do filho que acabaram de trazer ao mundo, deve-se à ciência de toda a carga de sentimentos e julgamentos da qual serão alvo.  É muito difícil para todos nós, humanos pais ou não, aceitar um outro deficiente. É uma sentença. Se é doente, pode ter cura. Deficiência T21, não. Aí, vemos aqui, surge a força draconiana do amor e inicia-se um vôo vertiginoso e íngreme ao céu e inferno das limitações. Esses pais se transformam em seres super-humanos. Não se pode dizer se o amor desmedido dos pais molda a delicadeza, a maneira afetuosa e doce dos Down, observável na maioria dos casos. Eles são extremamente amorosos porque muito amados, ou muito amados porque amorosos?

Não, não se sabe ainda por que a síndrome acontece. O único remédio é o amor, brotado de uma fonte generosa, mas só visível e acessada por pessoas capazes de produzir felicidade fora das convenções. O exercício ininterrupto do doar-se, do amar sem descanso, aniquila fraquezas. E assim esses pais são jorges abrigam-se seguros na barriga do dragão.

Hilda Gullar, escritora


Copywriting para apresentação do projeto a autores

Delicadeza e força dos afetos no mundo Down  

Do “Por que comigo” ao “Por que não comigo?” há todo um rosário de lágrimas desfiado pelo inconformismo, pela rejeição e vitimização. É doloroso para os pais receberem a notícia de que geraram um filho com síndrome de Down. Na maioria das vezes não estão preparados para revirarem suas vidas. Há o normal e sacrossanto medo do desconhecido. O que irão enfrentar com um filho Down? O preconceito, filho dos equívocos e da obsolescência de informações, não os deixa ver que terão um filho, para amar e cuidar, que é um indivíduo e não uma réplica de um ser seriado. O filho terá suas próprias potencialidades, gostos, talentos, personalidade e temperamento. O bebê deverá ser visto como o filho. A síndrome de Down é apenas uma parte de quem ele é.

A criança será fruto do meio que lhes propiciarem, terá sua personalidade, seus diferenciais, seus talentos, potenciais, temperamento, sentimentos, sonhos e tudo mais que a tornará uma pessoa única. A T-21 é parte dela, e não ela.  Os pais que abraçam o desafio embarcarão num ciclone de aprendizagem e aplicação dos saberes sem intervalo.  Conhecerão mais profundamente as pessoas. Estarão capacitados para distinguir com perfeição um olhar de desdém de um de compaixão, de um sorriso complacente de um convite para uma relação sem barreiras. Terão que se convencer de que não são culpados, que não fizeram nada errado. Com o tempo, desenvolverão a capacidade de demonstrar que estão felizes com seu filho, enfim e cada vez mais.

Resumida assim essa vivência, parece que o final feliz é rápido e não falha. Nem todos saem dessas fases sem grandes traumas. Cada um é cada um, inclusive indivíduos com T-21, que não é uma doença e, portanto, não tem cura. É uma longa jornada em que o aprendizado constante faz dos pais, familiares, professores e amigos pessoas que desenvolvem capacidades diferenciadas, necessárias para conviver, cuidar e manter o amor acima de tudo.

Queremos ouvir suas histórias, seus tropeços, seus acertos, sua visão desse mundo moldado por um amor exigente.  Suas descobertas farão um bem enorme para as pessoas que podem um dia se surpreenderem nesse mundo tão especial e desconhecido na sua essência. Porque veem-se os movimentos incessantes da luta, mas o que vai dentro dos corações e mentes dos pais, da sua batalha para vencer a luta com seus dragões internos, não transparece. Supomos que os dentes são muitos e o sangue farto. Mas as essências das flores do caminho são daquelas de se guardar nos mais raros frascos.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Design editorial de capa e criação de título de livro

 


Criar uma capa de livro com a beleza e a leveza que a temática que o dia das mães exige, sem cair no lugar comum, foi o objetivo. Talvez tenha conseguido, ou não.  Mas o fato é que agradou aos autores e a outros muitos.  A mim também. 

domingo, 20 de fevereiro de 2022

A primeira capa e título de livro designer nenhum esquece


Babel Poética: 60 e tantos versos depois

Era junho de 2019 quando o editor Edmilson Zanetti me deu a oportunidade de criar uma capa para o próximo lançamento da Editora Ponto Z, que inaugurava uma nova fase.

Eu estava muito descontente com o trabalho que vinha realizando junto a uma empresa, como coordenadora de marketing. O convite foi, então, um resgate.

Acabei desenvolvendo o título, os subtítulos dos capítulos, a capa, o argumento de venda, isto é, um copy para captar escritores experimentados ou iniciantes, animados para registrar, em verso ou prosa, suas histórias e emoções aos 60 anos ou mais. Esse foi o filtro principal: os autores tinham que estar nos sessenta ponto zero ou acima. 

O livro reuniu 118 textos de autores brasileiros e estrangeiros. Também participei. Tirei alguns poemas da gaveta e rabisquei outros. Meu orientador de mestrado, Prof. Doutor Antonio Manoel dos Santos Silva, também poeta, ensaísta e crítico literário, fez o prefácio. Cirúrgico, gentil, entusiasmante. O editor Edmilson Zanettim fez as "Orelhas em versos". Deliciosas de ler. 

O lançamento foi lindo, emocionante. Depois, muitos encontros literários-comemorativos se sucederam. Percebe-se um salto qualitativo nas produções posteriores. Cresceram o grupo, a amizade e a a paixão pela lavra da palavra.

Lucimar Canteiro